O Natal do Bruno Aleixo

O Natal do Bruno Aleixo

Estreia:

de João Moreira e Pedro Santo

Portugal, 2022, 91', Comédia

com Bruno Aleixo

Festivais e Prêmios:

Mostra Internacional de Cinema de São Paulo | Competição Novos Diretores

Ficha técnica:

Argumento e realização João Moreira, Pedro Santo

Co-realização João Alves, Rafael Hatadani, Jorge Ribeiro, Pedro Brito, Bruno Caetano

Imagem, montagem, animações Francisco Carvalho

Som Miguel Moraes Cabral

Montagem e mistura de som António Porém Pires

Correcção de cor Mafalda Aleixo

Produtores Luís Urbano, Sandro Aguilar

Co-produtor Bruno Caetano

Produção O Som e a Fúria

Co-produção Cola Animation

Distribuição no Brasil Risi Film Brasil

João Moreira

Natural de Coimbra, é um humorista, guionista e apresentador de televisão português.


Pedro Santo

Guionista e é o co-criador, juntamente com João Moreira, do personagem Bruno Aleixo.

Nota de Intenções


É nossa pretensão partir-se aqui do celebrado arquétipo do "Conto de Natal" de Dickens, tantas vezes adaptado nos mais diversos formatos artísticos, agora com Bruno Aleixo a assumir o papel de Ebenezer Scrooge. Instalando-se quase de imediato o conflito-base (na medida em que é estabelecida desde logo a existência de uma relação profundamente antagónica entre a personagem e a quadra natalícia), serão, neste cenário, os sonhos de um Aleixo aparentemente comatoso a guiarem-nos através de diversos Natais. E, aqui, será então esta dinâmica onírica a assumir a função que habitualmente está consagrada aos três espíritos canônicos que visitam Srooge.


Todavia, serão seis, e não três, os Natais visitados por Aleixo nos seus sonhos, com particular relevância para as consoadas passadas (na figura da infância, pré-adolescência e duas fases distintas da idades adulta), não deixando ainda assim de expor as também clássicas versões "presente" e "futura". Esta viagem espelhará a evolução do vínculo da personagem Bruno Aleixo com o Natal, pretendendo-se reflectir também sobre a própria transformação que as celebrações e costumes natalícios foram sofrendo ao longo dos anos. Deixando-se ainda a premonição do que poderão vir a ser os Natais futuros se determinadas circunstâncias se mantiverem. Os Natais de Aleixo, sim, mas, mais uma vez, nunca apenas de Aleixo.


Posto isto, é nosso propósito que Aleixo, fiel às idiossincrasias ou traços de personalidade que a personagem tem vindo a desenvolver desde que foi criada em 2008, represente aqui algo mais do que a evolução da sua própria persona e da sua própria relação com o Natal. A proposta é que Aleixo, sendo sempre Aleixo, acabe por simbolizar também em larga medida um país e uma Portugalidade, inclusive uma Portugalidade que, em dado momento, estará mesmo para além das fronteiras físicas do país. E isto sem nunca deixar de, a um nível mais macro, retratar também determinadas tendências globais relativamente a quadras de natureza mais familiar como o Natal.


Neste sentido, a própria festividade será também uma personagem determinante, vendo evoluir o seu paradigma de sonho para sonho; seja, e só a título de exemplo, pela centralidade crescente que a comida foi assumindo, pelas multíplices dinâmicas familiares e cerimoniais que se estabelecem nesse período ou até pelo papel quase-monopolístico que a tecnologia foi impondo passo a passo. Naturalmente, os sonhos-viagens aos diversos Natais passados, ao presente e ao futuro manifestar-se-ão através de estéticas distintas entre si, sendo que todas elas se afastarão também do tradicional traço "Aleixístico". Serão, assim, introduzidas novas corporizações visuais das personagens, bem como alguns desvios à composição narrativa do clássico campo/contra-campo em que este universo se tem vindo a apoiar desde a primeira hora.


Naturalmente, é também nosso propósito que a dinâmica estético-narrativa de cada Natal represente os períodos específicos em que se insere. De novo, e reforçamos, não só da vida de Aleixo, mas ainda de um povo. Por último, de referir o poder redentor que marca de forma indelével o arquétipo do "Conto de Natal" e que pretendemos que também aqui faça a sua inevitável aparição. Sendo que, neste contexto, assistir-se-á a uma intercepção entre o carácter redentor desta narrativa clássica e o carácter absolutamente inabalável de Bruno Aleixo, figura até aqui pouco dada a uma regeneração tão plena como a aquela que temos vindo a assistir ortodoxamente com Ebenezer Scrooge.